E a
Elizabeth David continua assim: “Those who claim not to be able to taste the
difference between frozen and fresh peas will perhaps find it instructive to
try this dish. Not that a very excellent soup cannot be made with frozen peas,
but when fresh peas are at the height of their season, full grown but still
young and sweet, the difference in intensity of flavour and scent is very
marked indeed”. Digo-vos
que gosto muito deste livro. As receitas são fiáveis, simples e clássicas, não
há cá reduções esquisitas nem fusões intercontinentais, é a mais pura da
culinária francesa. As dicas são preciosas e interessantes, dão mesmo vontade
de seguir, a sério.
Adoraria ter feito o que ela sugere, mas fiquei sem
paciência (lá está a paciência a arruinar as coisas aqui no blog) de abrir as
cascas e retirar todos aqueles baguinhos verdinhos e rendi-me às ervilhas
congeladas! Fica a foto de algumas vagens só para dar um arzinho da sua graça.
Ora, as ervilhas devem ser o “vegetal” (tecnicamente
é uma leguminosa mas para simplificar o que quero dizer chamo-lhes vegetal)
menos gostado, até mesmo não suportado por muitas pessoas. A minha Tia I.
detesta, o meu irmão idem, o m. e outros amigos meus não levam uma ervilha à
boca.
Mas uma sopa de ervilhas muda completamente este cenário. Esta sopa é extremamente
cremosa e aveludada, algo que se consegue não só pela textura da própria
ervilha, que é pastosa e algo farinhenta, mas também por passar toda a sopa
após cozinhada por um passador fino.
Experimentem só servir esta sopa a alguém
que não goste de ervilhas e não lhe digam nada. No geral nem sequer se vão
aperceber ao que sabe e nem sonham que serão ervilhas. Mas vão gostar, comer, e
quem sabe até chorar por mais. O que me leva a concluir muito rapidamente e sem
mais reflexão que o que as pessoas não gostam não é do sabor das ervilhas mas
sim de ver o seu arroz imaculadamente branco salpicado ou os seus ovos
escalfados perdidos num mar de bolinhas verdes.
Quanto a esta receita propriamente dita, eu reduzi a quantidade de manteiga drasticamente porque tenho que cuidar do meu colesterol, por muito que a Elizabeth jure que meia chávena bem cheia de manteiga é que era o ideal, e “aportuguesei” a receita com uma mistura de manteiga e azeite.
Creme de ervilhas (receita adaptada do livro French
Provincial Cooking)
400gr de ervilhas frescas (ou seja 1 pacote de ervilhas
congeladas durante qualquer outro mês sem ser Maio, quando de facto há ervilhas frescas à venda...)
1 coração de uma alface, cortado em tiras finas
1 c.sopa de manteiga
2 c.chá de sal
1 pitada de açúcar
Água qb
1 fio de azeite no final
Num tacho derreta a manteiga e salteie a alface. Junte as
ervilhas e os temperos. Deixe cozinhar por 10 minutos com a tampa fechada.
Junte a água e deixe cozer as ervilhas até estarem tenras. Triture tudo com a
varinha mágica ou no copo triturador. De seguida passe por um passador fino e
volte a aquecer no tacho, juntando o fio de azeite e mexendo bem. Ajuste o
tempero de necessário. Pode servir a sopa assim ou juntar um pouco de sour
cream e folhinhas de hortelã.
Dica Naturopatia by Maria
As ervilhas, tal como as restantes leguminosas, são ricas
em fibra, mas sobretudo destacam-se pela riqueza nas vitaminas do grupo B,
principalmente a B1, que é essencial para o bom funcionamento do sistema
nervoso.
Um dado curioso sobre a ervilha é que é um alimento rico
em proteína (interessante para vegetarianos ou pessoas que comem pouca proteína
animal), mas este nível proteico varia, dependendo se consumimos as ervilhas
frescas (6% ) ou secas (22%). Nota: para assimilar bem a proteína das
leguminosas lembrem-se de ingerir na mesma refeição algo de cereal (arroz, pão,
massa, etc).